O arquiteto Antônio participa do projeto de um grande empreendimento, mas não pelo lado criativo, e sim destrutivo: seu conhecimento urbanístico serve aos interesses da Corporação para remover uma favela do local onde se construirá o condomínio. Isso o faz remoer, em momentos de insônia, toda a trajetória que o levou a essa condição.
A peça faz uma radiografia teatral de um indivíduo de classe média: seus anseios, medos, suas desilusões, suas mentiras. Inicialmente, parece um monólogo: o personagem conta ao público histórias de sua vida, nós o vemos em suas ações no trabalho e na vida pessoal. No entanto, trata-se na verdade da paródia de um monólogo: está sempre em cena o coro dos Invisíveis, que comenta as ações de Antônio com música e humor, num viés crítico. Este coro representa tanto os trabalhadores que o cercam e a ele servem sem nunca serem notados, quanto os poderes "invisíveis" do capital, que governam sua vida.
Portanto, ao contrário da exposição de Antônio como um indivíduo extraordinário, vemos os papéis sociais que ele é condicionado a representar, inclusive nos aspectos que parecem mais privados, como a vida amorosa e familiar.
Insônias de Antônio foi concebida e exibida originalmente como segundo ato da Saga do Menino Diamante, na primeira temporada em que o espetáculo do grupo Dolores Boca Aberta esteve em cartaz, no ano de 2009, em sua sede no bairro Cidade Patriarca, zona leste de São Paulo. Não se tratava, no entanto, da continuação de uma trama com personagens fixos, mas de uma contrapartida do movimento de massas representado no primeiro ato da Saga.
Na Saga do Menino Diamante, representava-se o processo de migração de trabalhadores para uma grande metrópole brasileira na segunda metade do século XX, seus momentos de capitulação e resistência na constituição das favelas, como exército de mão-de-obra barata, e seu processo de formação de consciência; já em Insônias de Antônio vemos, com uma lente de aumento, uma fração social que participa deste processo, a classe média, como elo entre as massas e as classes dominantes.
Assim, uma obra não depende da outra para ser compreendida, mas ambas provêm de uma visão do grupo Dolores sobre a conjuntura histórica recente e atual da cidade, e do país.
Link Engenho Teatral
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5 comentários:
Mas essa apresentação será na patriarca?
Não ...
É no Engenho Teatral, ao lado do Metro Carrão.
http://engenhoteatral.wordpress.com/
Olá!!!
Somente uma observação: no site do Engenho Teatral a data da apresentação está como "19 e 20/03/2011" e segundo o site do Dolores será em 19 e 20 de abril.
Gostaria somente de saber qual a data correta? Ou se haverá duas apresentações?
Grata.
Grande falha nossa, Suzane!!!
A data já foi corrigida!!!
Obrigada por nos chamar a atenção!!!
Estaremos lá!!! Estou anciosa!!! :)
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