quarta-feira, 16 de março de 2011

Nota pública do Coletivo Dolores sobre ato na 23ª edição do Prêmio Shell

É evidente para quem acompanha a trajetória do Coletivo Dolores que somos avessos às premiações como instrumento de eleição dos "melhores". Este mecanismo, além de naturalizar hierarquias e competições, faz com que determinados grupos detenham o poder de decidir o que é ou não é arte.

Atualmente, em nosso país, o fazer cultural é dominado por grandes empresas privadas que, baseadas em critérios falsamente neutros e na força do dinheiro, ditam qual filme devemos ver, qual música devemos escutar, qual peça teatral devemos assistir. O financiamento privado exclui e, até mesmo, inviabiliza o fazer artístico que não se enquadre em seus critérios, sejam eles estéticos ou mercadológicos.

A liberdade de expressão, tão amplamente defendida, é restringida quando meia dúzia de financiadores domina a produção cultural. Muitas vezes, esses financiadores privados se utilizam de dinheiro público por meio de isenções fiscais e ainda se beneficiam do marketing propiciado. Esta engrenagem é viabilizada pela Lei Rouanet, à qual nós e inúmeros outros coletivos artísticos frontalmente nos opomos.

Também não deixa de ser tristemente irônico que uma das premiações mais conceituadas no meio artístico seja patrocinada por uma empresa que participa ativamente da lógica de produção de ditaduras perenes, guerras e golpes de Estado. Assim sendo, publicamente nos irmanamos a todas as lutas de emancipação de povos que possuem a riqueza do petróleo, mas que não podem usufruir deste recurso devido à ingerência de potências militares em seu território e à presença de empresas petrolíferas nacionais e transnacionais que usurpam essa riqueza.

Aproveitamos para declarar publicamente que aceitamos o prêmio. Em nosso entendimento, esta é uma forma de restituição de uma ínfima parte do dinheiro expropriado da classe trabalhadora. Recebemos o que é nosso (enquanto classe, no sentido marxista) e debateremos um fim público para esta verba.

terça-feira, 15 de março de 2011

Estética de Combate - Prêmio Shell














IRONIA!!!!!!!!!!!!!


"ganhamos" o prêmio Shell.



Segue o texto lido na entrega do prêmio:

"Para nós do coletivo artístico Dolores é uma honra participar deste evento e ainda ser agraciado com uma premiação.

Nosso corpo de artista explode numa proporção maior do que qualquer bomba jogada em crianças iraquianas.

Nosso coração artista palpita com mais força do que qualquer golpe de estado patrocinado por empresas petroleiras.

Nossa alegria é tão nossa que nenhum cartel será capaz de monopolizar.

É muito bom saber que a arte, a poesia e a beleza são patrocinadas por empresas tão bacanas, ecológicas e pacíficas.

Obrigado gente, por essa oportunidade de falar com vocês.

Até o próximo bombardeio...

...quer dizer, até a próxima premiação!!!"


EM BREVE


Fotos, vídeo e nota pública sobre o ato.

sábado, 12 de março de 2011

Insônias de Antônio no Engenho Teatral os dias 19 e 20 de MARÇO


O arquiteto Antônio participa do projeto de um grande empreendimento, mas não pelo lado criativo, e sim destrutivo: seu conhecimento urbanístico serve aos interesses da Corporação para remover uma favela do local onde se construirá o condomínio. Isso o faz remoer, em momentos de insônia, toda a trajetória que o levou a essa condição.

A peça faz uma radiografia teatral de um indivíduo de classe média: seus anseios, medos, suas desilusões, suas mentiras. Inicialmente, parece um monólogo: o personagem conta ao público histórias de sua vida, nós o vemos em suas ações no trabalho e na vida pessoal. No entanto, trata-se na verdade da paródia de um monólogo: está sempre em cena o coro dos Invisíveis, que comenta as ações de Antônio com música e humor, num viés crítico. Este coro representa tanto os trabalhadores que o cercam e a ele servem sem nunca serem notados, quanto os poderes "invisíveis" do capital, que governam sua vida.

Portanto, ao contrário da exposição de Antônio como um indivíduo extraordinário, vemos os papéis sociais que ele é condicionado a representar, inclusive nos aspectos que parecem mais privados, como a vida amorosa e familiar.

Insônias de Antônio foi concebida e exibida originalmente como segundo ato da Saga do Menino Diamante, na primeira temporada em que o espetáculo do grupo Dolores Boca Aberta esteve em cartaz, no ano de 2009, em sua sede no bairro Cidade Patriarca, zona leste de São Paulo. Não se tratava, no entanto, da continuação de uma trama com personagens fixos, mas de uma contrapartida do movimento de massas representado no primeiro ato da Saga.

Na Saga do Menino Diamante, representava-se o processo de migração de trabalhadores para uma grande metrópole brasileira na segunda metade do século XX, seus momentos de capitulação e resistência na constituição das favelas, como exército de mão-de-obra barata, e seu processo de formação de consciência; já em Insônias de Antônio vemos, com uma lente de aumento, uma fração social que participa deste processo, a classe média, como elo entre as massas e as classes dominantes.

Assim, uma obra não depende da outra para ser compreendida, mas ambas provêm de uma visão do grupo Dolores sobre a conjuntura histórica recente e atual da cidade, e do país.

Link Engenho Teatral



quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnaval Contra Hegemônico 2011

CALENDÁRIO do

CARNAVAL

CONTRA HEGEMÔNICO

2 0 1 1

Sexta – 04 de março – 19h - JANDIRA

Unidos da Lona Preta

BATUCADA DO POVO BRASILEIRO

“A luta fazendo o samba; o samba fazendo a luta”

Comuna Urbana Dom Hélder Câmara

Rua Nicolau Maevski, 491 – Bairro Sol Nascente – Jandira

Sábado – 05 de março – A partir das 14h - GUAIANASES

SAMBA DOS BOCA DE SEREBESQUE

"Neste Carnaval eu vou sair mandando Brasa"

Desconcentração na Casa do Norte do Seu Manoel na

Rua Prof. Cosme Deodato Tadeu (Rua da antiga subprefeitura, próximo ao Mercado Municipal de Guaianases)

Domingo – 06 de março – A partir das 16h30 – CIDADE PATRIARCA

ENCONTRO DAS BATUCADAS

Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, Os Boca de Serebesqué e Unidos da Lona Preta

Ajuntamento no Clube Da Cidade - CDC Patriarca

Rua Frederico Brotero, 60 – Cidade Patriarca