Subir lomas
hermana hombres.
José Martí
Mais de 10 dias cavando montanhas, escalando povoados, mirando a altura das palmeiras reais e florestas orientais da ilha.
O último lomo rochoso, antes do horizonte rasgado do mar, guardava nos peitos tênue sensação de um mundo decifrado, mas, ao dobrar o topo da última montanha e espelhar todo mar azul em céu do caribe lambendo a savana dourada: os peitos explodiram.
A caçamba do caminhão passa a gritar e as mãos lançadas nuvens enquanto o vento arreganha bocas e chacoalha catedrais em nossas costelas.
Savana La Mar possui água límpida e quase morna tocando a praia de pedrinhas coloridas. Uma ponta da praia é limitada por imensa rocha porosa migrante do ocre ao marrom escuro quando pousa na serena água doce do rio San Antônio.
O rio, antes do sal das correntes caribenhas, guarda pedras ovoladas nas funduras breves do caminho de serpente. Suas pedras abrigam o calor dos dias como se germinassem filhotes de dragão e ousassem tornar quentes os pés, água em degrade resfriando até o pescoço.
Cactos nos guarneciam do alto do rochedo enquanto um pelicano pescava o sol poente ladeado pelas chuvas ao sul da imensidão.
Desperto num corredor à porta do teatro apodrecido. Do colchonete donde deitei-me observo a hélice enferrujada que servira de exaustor à nave. No fundo do palco empoeirado, de madeiras úmidas, carcomido por mofo e bolores coloridos, descansa um afresco do ufanismo cubano em bandeira e flores tropicais. As cadeiras destroçadas da platéia memoram burburinhos de antes da guerra. Bloqueio econômico e fim do bloco socialista varrem Cuba pra misérias genocidas. Sete anos de fome. Sete anos da nova revolução, a revolução contra a falta.
A ilha já não esfaimada sobeja gentes e dignidades escassas pela ordem capital.
O teatro habitado por morcegos que durante a noite flanavam sobre minhas orelhas mostra-me o derretimento de uma promessa. Na sala contígua derretem quatro pianos, e por toda parte desfaz-se prédios em mofo, farelos e tétano. Pelas frestas de concreto chora nosso teatro o cinza das chuvas de inverno.
Luciano Carvalho
10 de fevereiro de 2015
San Antônio del Sur
Guantánamo
Cuba
Carnaval, 2015 e nosso bloco "Unidos da Madrugada" saiu às ruas
no dia 13 de fevereiro com o samba enredo de 2015
"Dolores em lutas, em atos e em festas".
Veja o vídeo e outras informações aqui.
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Ainda neste carnaval, no sábado, na Batucada do Povo Brasileiro, tivemos o cortejo do Cordão Carnavalesco Boca de Serebesqué lembrando que "Não tem água, não tem chuva, mas o bloco vai pra rua!!" (uma notícia por cá). E, no domingo, em Jandira, para finalizar lindamente as saudações carnavalescas ao ano de 2015, tivemos a Escola de Samba Unidos da Lona Preta do MST, reunindo as batucadas do povo brasileiro e comemorando seus 10 anos de história (assista o vídeo).
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No último sábado, mutirão no CDC movimentou paredes, armários, chão e telhado
em nosso espaço auto-gerido e firmemente ocupado. Fotos e relato aqui.
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Para mais informações sobre alguma atividade ou notícia desse informativo,
ou mande um e-mail para gente: doloresbocaaberta@gmail.com
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CDC Vento Leste – Rua Frederico Brotero, 60 – Cidade Patriarca
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