quarta-feira, 4 de abril de 2012

Carta Aberta à sociedade contra matéria da Folha de São Paulo


Consideramos um desrespeito, como leitores do jornal e como ambientalistas atuantes no setor, nos depararmos com uma matéria tão absurda e parcial como a que presenciamos na Folha de SP de quinta-feira, dia 29 de março de 2012.


Na citada matéria, o diretor mundial de uma empresa poderosa, como única fonte ouvida, afirma que as organizações que atuam no campo da agroecologia hoje já não combatem os sistemas (compostos por sementes transgênicas e fortes agrotóxicos) comercializados por ela, reconhecendo que é preciso abrir espaço de diálogo em função do cenário atual, em que água e desmatamentos são pontos problemáticos para a garantia de alimentos a todos.


Nós, integrantes da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, bem como as pessoas e as organizações que trabalham diariamente para que as grandes multinacionais como a referida empresa não destruam a possibilidade de termos um mínimo equilíbrio socioambiental no país, solicitamos o direito de sermos ouvidos e de ressaltar nosso profundo repúdio às declarações falaciosas do senhor Hugh Grant.


Por mais que tente cooptar o movimento socioambientalista, patrocinando supostos "eventos voltados para a promoção da ecologia" e gastando uma fortuna com propaganda e com advogados para processar quem ousa questionar seus produtos, a tal empresa não conseguirá jamais impedir que constatemos que baseia-se num sistema que visa exclusivamente seu próprio lucro e concentração de poder, impondo um ônus terrível aos trabalhadores, à sociedade como um todo e à própria composição biológica do planeta.


Inúmeras pesquisas e fatos demostram que, além de gerar impactos negativos e perigosos nos locais em que são usadas, as sementes transgênicas da empresa, associadas aos venenos que também produz e comercializa, possuem uma produtividade menor do que a alcançada pela produção agroecológica.


Abaixo há uma lista de fontes de informação para comprovar o que nós afirmamos acima, é somente uma pequena amostra (dentro de um conjunto incrivelmente vasto e de origens confiáveis e diversificadas) de matérias existentes sobre o assunto. 


Não aos organismos geneticamente modificados, eles são desnecessários e extremamente perigosos!



Att.
Comitê Paulista da Campanha
Contra os Agrotóxicos e Pela Vida



Para saber mais:
 
* Em 23/3 a Folha foi o primeiro grande veículo de mídia do Brasil a publicar uma notícia negativa em relação à Monsanto - http://pratoslimpos.org.br/?p=3939
 
*Um milhão pedem rotulagem de transgênicos nos EUA,  notícia  que comprova que os transgênicos não são consenso nos Estados Unidos.
Via Genet News, com informações de: Group wants lables on GM foods, The Boston Globe, 27/03/2012 e Consumer groups demand GMO labeling, Thomson Reuters, 27/03/2012


* Apicultores pedem banimento de milho transgênico na Polônia
Via GMWatch, com informações de: Digital Journal Reports, 27/03/2012 e http://festiwalstopgmo.pl/index.php/321-marsz-pszczelarzy 

* Existe um movimento internacional contra a empresa chamado Occupy Monsanto http://www.occupymonsanto360.org/

* Existem dezenas de estudos relatando malefícios do glifosato, princípio ativo do RoundReady, principal agrotóxico da Monsanto. Os mais recente são esses: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0887233311003341, http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/03/agrotoxico-da-monsanto-causa-morte-de.html

* Existem evidências de que o glifosato polui inclusive as águas subterrâneas http://pratoslimpos.org.br/?p=3728#.T2IzbgNXpHc.facebook

* O argumento de que é preciso usar agrotóxicos e transgênicos para resolver a fome do mundo está sendo contestado - http://naturalsociety.com/gmo-crops-proven-to-be-ineffective-at-fighting-world-hunger/

* Na França a empresa foi culpada pelo envenenamento de um agricultor, fato que abre jurisprudência para milhares de outras ações. http://pratoslimpos.org.br/?p=3803. E o governo francês pediu à UE em 21/2 suspensão da autorização para o milho transgênico MON810 para toda a Comunidade Europeia.

*Milho transgênico rende 93% menos que o convencional em Santa Catarina


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