Guantanamo, Cuba, 19 de Janeiro de 2016.
Amadas e amados compas de Dolores Boca Abierta,
Esta carta é escrita a dos manos.Começaremos do imediato ao geral.Faz 17 dias que estamos em solo cubano.Despues de uma rápida pasaje por La Habana selvaje, chegamos em Guantanamo. Hoje concluímos o roteiro da peça que estamos dirigindo. Por incrível que pareça a obra está quase pronta. Utilizamos o método doloriano materialista dialético e o trabalho ergue-se vigoroso. Um choque com a realidade cubana, trabalhamos todos os dias manhã e tarde. Os atores e atrizes são excelentes e o coletivo Guinol de Guantanamo está impressionado com nossa capacidade crítico-criativa.Após debates sobre temas da realidade cubana e guantanamera que lhes afligem iniciamos improvisos cênicos. Da materialidade da cena tiramos elementos para reflexões mais profundas e novas elaborações. Desta maneira, logramos um exercício dialético em cena onde camadas de complexidade se sobrepõem ganhando novas visões sobre o objeto vivo, em movimento. Ou seja, apreender o movimento do nosso tempo histórico e suas contradições.Nesse intenso jogo de ação, reflexão, ação conquistamos uma crítica inédita (para nós dolorianos, em Cuba e pra eles coletivo Guinol) sobre os caminhos da sociedade socialista cubana, a abertura político-econômica e impactos.ATENÇÃO!Parece que captamos ou mesmo lemos a ascensão de uma nova classe social em Cuba. Forma-se velozmente uma pequena burguesia capitalista. Estes traços marcantes se agudizam. Já existiam pequenos proprietários vinculados ao estado cubano, mas agora, o dinheiro vindo da diáspora cubana pode converter-se em investimentos internos na forma de pequenos negócios que exploram força de trabalho local e promovem acúmulos de capital no ciclo que bem conhecemos. Um grupo social de cubanos passa a ter outro padrão de vida e consumo e as diferenças galopam. Estejamos preparados para conhecer as mazelas capitalistas se alojando na ilha.O Mine ta falando muito bem o espanhol. Um sotaque guantanamero de primeira! Entramos num bar, pediu duas cervejas e ganhamos dois cachorros quentes.Já o Luciano falou ao grupo Guinol:LU – Alguma pergunta?ALI – Si.LU – Habla.ALI – Quando vas aprender hablar espanol?KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKComo podem ver estamos muito bem inseridos na vida cubana. Tanto que até aparecemos na televisão rsrs. Demos entrevistas sobre a obra que aborda, entre outras, a base naval de Guantanamo e este tema gera grande comoção em Guantanamo e Cuba afora. Veícularam a matéria na rede provincial e depois difundiram nacionalmente nos jornais da manhã, tarde e noite. Também demos entrevistas para rádio, jornal impresso e para a agencia internacional cubana.Chic pra’carai e prao’xotas.Estamos muito felizes e a harmonia conquistada com o coletivo aqui abre possibilidades para trabalhos futuros. Temos muito que trocar. Queremos levar este espetáculo para o Brasil e apresentar nossa cidade/país/comuna/sede ocupada pra estes compas.Mais que nunca o “Rolezinho” é uma necessidade estética em Guantanamo, na Cruzada Teatral. Voltamos com o firme propósito de trabalhar nisso. Convidamos todxs nossxs queridxs Dolores para essa construção socialista.Retomamos a carta – 24 de janeiro. Vamos estrear a obra! Já temos o nome: PERESTROIPIKA?A peça tem cerca de 45 minutos e foi concebida para apresentação em espaços abertos, porém, ontem choveu o dia todo e pode ser que façamos num teatro fechado. Isso fez com que adaptássemos para o palco, uma bosta.Além da chuva, teve tremores de terra, sim terremotos! A província de Santiago de Cuba sofreu os maiores abalos e em Guantanamo foi registrada atividade mais suave.Pela manhã Luciano sentiu o tremores e acordou assustado:LU – Mine! Tremeu!MINE – (sonolento, pega o celular, olha e diz) Não tremeu não.LU – Não o celular, a terra!Mine dá as costas e volta a dormir, Luciano foi fazer café numa área mais segura.
Tiago Mine e Luciano Carvalho
Nosso fevereiro foi, como sempre, muito carnavalesco. Iniciamos o ano nas ruas, entoando nosso samba-enredo feminista e entoando o samba dos parceiros no Encontro das Batucadas do Povo Brasileiro, Boca de Serebesqué, Unidos da Lona Preta e Batucada Popular Carlos Marighella que esse ano aconteceu em Guaianazes. Veja as fotos do carnaval em Guaianazes aqui e da Unidos da Madrugada pelas ruas do patriarca aqui.
Mantendo a veia musical desse mês estivemos com nossos parceiros do Nhocuné Soul em seu show de 15 anos no encerramento do Projeto "A Zona Leste é o Centro" no Sesc Itaquera. As fotos dessa nossa intervenção de luta e punho erguido com grandes parceiros de longa data você vê aqui.
Também viajamos o mundo, um pedaço em Cuba, outro na Inglaterra. De Cuba, se conhece um pouco de nossa participação na Cruzada Teatral Guantanamo-Baracoa na carta acima. Na Inglaterra participamos de uma imersão sobre artivismo com gente daqui, da Escócia, da Inglaterra e do México. A pergunta sobre a qual nos debruçamos por lá foi: Como artistas e artivistas criam espaços que podem catalisar mudanças/ações quando estão trabalhando criativamente com grupos? E quais são as qualidades desses espaços?
Por fim, e da maior importância, estamos a todos os vapores enfiado na cozinha até as tampas. O espetáculo "Narrativas na Cozinha", última estreia de nossa Trilogia da Necessidade, está marinando e pegando gosto, sem gourmetizações e com muita caseirice. Assim que o palito sair seco, abrimos para o público degustar.
Ah, além do nosso site, cada dia mais robusto, perdemos nosso perfil no facebook e abrimos página nova, chega por lá.
Em março começam nossas duas oficinas: Iniciação Teatral - Os Dramas do Ator Épico, aos sábados, das 9h30 até as 13h30 e Iniciação ao Teatro Mutirão às sextas feiras, das 19h30 as 22h30, todas no CDC Vento Leste. Informações detalhadas aqui. É de graça e é só chegar!
No dia 04 de março, o Dolores se junta a Kiwi Companhia de Teatro em seu "Carne" com nosso samba-enredo 2016 "Sou de luta, sou mulher". Vale se achegar e assistir o espetáculo.
E em breve outras ações de nosso Fomento. Fiquem pertinho!
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ou mande um e-mail para doloresbocaaberta@gmail. com
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Um comentário:
como é vigoroso, forte, saber da luta e da força do Dolores além ... inspiro e respiro dessa força, aqui nos combates de zona sul e corpo-a-corpo. Obrigada por fazerem chegar até mim sempre o melhor do suor de vocês. Abraços!
Mônica Rodrigues
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